quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Ângelo Santos estreou-se na poesia










 
Na sexta-feira passada, foi apresentado na Biblioteca Municipal de Fafe o novo livro do nosso associado Ângelo Santos, neste caso de poesia, com o título "Por Fora dos Trilhos".
Ângelo Santos estreou-se literariamente em 2011 com o romance "Do Éden ao Inferno", já em segunda edição.
A obra foi apresentada por José Emídio Lopes, também natural de Cepães e encheu pr completo o audotírio da Biblioteca.

"Por fora dos trilhos": uma obra entusiasmante, com uma estrutura soberba, na qual Ângelo Santos, através da poesia, nos mergulha nas profundezas daquilo que mais importante existe.

João Ângelo Freitas Santos, nasceu em 31 de Agosto de 1963, na freguesia de Cepães, concelho de Fafe, onde ainda reside.
Terminou o Ensino Secundário em 1982. Cumpriu o serviço militar obrigatório em 1984.
Entre 1988 e 1995 foi chefe dos Serviços Administrativos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Fafe. Desde 1995 que exerce funções como bancário numa instituição financeira. Casado e pai de duas filhas.

Integra desde este ano o Núcleo de Artes e Letras de Fafe como sócio efetivo.
 

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Fafe – História, Memória e Património”: apresentação é sexta-feira na Biblioteca Municipal

 

 
Na próxima sexta-feira, 13 de dezembro, a partir das 21h30, no Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe, tem lugar a sessão de apresentação pública da obra “Fafe – História, Memória e Património”, com texto de Daniel Bastos, associado do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, fotografias de José Pedro Fernandes e tradução de Paulo Teixeira.
 
A obra, com a chancela da editora CONVERSO, em edição trilingue (Português, Francês e Inglês), tem prefácio do fotógrafo francês Gérald Bloncourt e será apresentada pelo arquiteto e urbanista, Renato Gama-Rosa, do Departamento de Património Histórico/Casa de Oswaldo Cruz / Fundação Oswaldo Cruz – Rio de Janeiro / Brasil.

O livro, que constitui um cartão-de-visita para todos os que queiram conhecer e visitar o concelho de Fafe, procura transmitir uma imagem global e fundamentada da evolução do território, das origens à atualidade, através de um enquadramento histórico assente numa centena de fotografias originais a preto e branco.

A sessão será antecedida por um momento musical pela Banda Quarto C.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

NÚCLEO DE ARTES E LETRAS HOMENAGEOU SOLEDADE SUMMAVIELLE




 

O Núcleo de Artes e Letras de Fafe promoveu, sábado à noite, no Club Fafense, uma tertúlia literária de homenagem à poetisa fafense Soledade Summavielle, nome maior da poesia portuguesa da segunda metade do século XX, por ocasião dos 106 anos do seu nascimento (07/12/1907) e dos 50 anos sobre a publicação da sua primeira obra, “Sol Nocturno” (1963).
Foi uma noite mágica, num ambiente poético e musical, com um conjunto de actividades em torno da vida e obra de Soledade Summavielle, tendo por tema “As Flores do meu Jardim”.
Soledade Summavielle “regressou” a Fafe, 13 anos depois da sua morte, ocorrida em Fevereiro de 2000, aos 92 anos, e trouxe com ela o seu perfume e sentimentos.
Carlos Afonso, professor da Escola Secundária e director do NALF, começou por enquadrar poeticamente a acção, que continuou com a primeira actuação do Coro de Pais e Amigos da Academia de Música José Atalaya.


Entretanto, Soledade apareceu magicamente na sala repleta de público do Club Fafense, na excelsa figuração de Orlanda Silva, declamando um poema e declarando, enfaticamente, que “foi em Fafe que eu nasci e é neste jardim, no coração do Minho” plantado, que eu quero viver eternamente…”.

 
 
 
 
 
 
 
 

Artur Coimbra, presidente do Núcleo de Artes e Letras, interveio para abordar, num primeiro momento, a longa existência de Soledade dedicada inteiramente à arte e sobretudo à sua faceta de cantora lírica, a menos conhecida da sua obra, conquanto tenha atingido nela elevada notoriedade a nível nacional.
Lembremos que Soledade cantou no Teatro-Cinema de Fafe (Abril de 1942) e em locais de culto da época: no Teatro S. João do Porto (anos 40), no Salão Nobre do Orfeão do Porto (24 de Maio de 1943), bem como no Teatro Nacional de S. Carlos, em Lisboa, onde interpretou a primeira figura da ópera “Cristal”, do maestro Ruy Coelho, nas comemorações dos 150 anos da inauguração daquele teatro, em Junho de 1943.
Pouco tempo depois actuaria num memorável espectáculo no Monumental Casino da Póvoa de Varzim (23 Agosto de 1943).
A sessão incluiu ainda a apresentação de um documentário sobre a poetisa, por três alunas da Escola Secundária, bem como de uma página na internet abordando a vida, obra, correspondência e iconografia de Soledade Summavielle, da iniciativa da Biblioteca Municipal.
Artur Coimbra voltaria à cena para abordar a poesia de Soledade Summavielle, que publicou uma dezena de livros, entre 1963 e 1991, que a singularizam como uma das vozes mais fortes e sentimentais da poesia portuguesa do século passado.
Além disso, colaborou em diversas antologias poéticas, algumas editadas pelo Núcleo de Artes e Letras nos anos 80, traduziu três obras literárias e publicou duas obras para crianças, nos anos 70.
Foi referido ainda que o Cenáculo Artístico e Literário “Tábua Rasa” distinguiu--a, em 21 de Janeiro de 1971, com um jantar de homenagem a que se associaram figuras altamente representativas das artes e das letras: Hernâni Cidade, Natália Correia, Natércia Freire, João Maia, entre outros, o que confere dimensão nacional à nossa poetisa.
Analisaram e enalteceram a sua poesia figuras cimeiras da literatura nacional, como Jacinto do Prado Coelho, João Gaspar Simões, Luís Forjaz Trigueiros, Ferreira de Castro, António Quadros, João de Araújo Correia, Mário António, Guedes de Amorim e Amândio César, entre outros.
A crítica sublinhou em Soledade Summavielle, uma profunda sensibilidade e uma enérgica recusa a tudo quanto não corresponda à sua vibrante sinceridade do Poema.
O escritor e crítico António de Sèves Alves Martins, escreveu, em 1984, no jornal Novo Século, a propósito da poetisa: “Mulher, esteta, conseguida no encontro do equilíbrio entre o sonho e a realidade, conhecedora e amante do bom e do belo, alma repleta de acontecimentos, hábil na utilização do verbo, sincera na expressão do sentir, não admira que Soledade Summavielle ocupe na Poesia um lugar de relevo, lugar de poeta maior”.
Artur Coimbra relembrou ainda que Soledade Summavielle nunca se esqueceu da sua terra. Aqui regressava amiudadas vezes para rever o seu território, a sua casa, os seus amigos, enfim, as próprias raízes que são o sustento e o sentido da Vida e da Poesia.
Escreveu belíssimos textos sobre a sua casa e a sua terra.
Será de referir que, no seu testamento, deixou donativos para diversas instituições fafenses, concretamente, Bombeiros Voluntários, Grupo Nun’Álvares, Banda de Golães, Banda de Revelhe, Conferência de S. Vicente de Paulo e Cercifaf.
A sessão incluiu ainda leitura de poemas da autora, testemunhos de amigos e familiares, entremeados por momentos musicais (piano e canto, flauta, clarinete e actuação do Coro de Pais e Amigos da Academia de Música José Atalaya, sob a direcção do Prof. Tiago Ferreira).


Uma noite mágica, sem dúvida.
Soledade Summavielle, onde quer que esteja, seguramente adorou a festa e o tributo que o Núcleo de Artes e Letras dedicou à sua longa vida e fantástica obra!

(Fotos: Manuel Meira)
 

domingo, 1 de dezembro de 2013

NÚCLEO DE ARTES E LETRAS DE FAFE EVOCA VIDA E OBRA DE SOLEDADE SUMMAVIELLE

 
O Núcleo de Artes e Letras de Fafe promove uma tertúlia literária de homenagem à poetisa fafense Soledade Summavielle, por ocasião dos 106 anos do seu nascimento (07/12/1907) e dos 50 anos sobre a publicação da sua primeira obra, “Sol Nocturno” (1963).
O evento tem por título “As Flores do meu Jardim” e realiza-se este sábado, dia 07 de Dezembro, no Club Fafense, a partir das 21h30, com um conjunto de actividades em que será evocada a vida e obra de Soledade Summavielle.
A sessão consta da leitura e declamação de poemas da autora, por Artur Coimbra, Carlos Afonso, Acácio Almeida, entre outros, a encenação da vida e da figura de Soledade, pela professora Orlanda Silva, entremeada por momentos musicais (piano e canto, flauta, clarinete e actuação do Coro de Pais e Amigos da Academia de Música José Atalaya, sob a direcção do Prof. Tiago Ferreira).
O evento inclui ainda a apresentação de um documentário sobre a poetisa, por alunas da Escola Secundária, bem como de uma página na internet sobre Soledade Summavielle, da iniciativa da Biblioteca Municipal.
Soledade Summavielle foi cantora lírica e ceramista, mas seria na poesia que mais se salientaria a sua actividade artística. Publicou uma dezena de obras que a singularizam como uma das vozes mais fortes e sentimentais da poesia portuguesa.
A poetisa faleceu em Lisboa, onde viveu grande parte da sua vida, no dia 7 de Fevereiro de 2000.

domingo, 24 de novembro de 2013

CURSO DE HISTÓRIA LOCAL SOBRE A GUERRA COLONIAL CONCLUIU COM ÊXITO







O II Curso Livre de História Local de Fafe, sobre o tema da Guerra Colonial (1961-1974), e que foi promovido pela Núcleo de Artes e Letras de Fafe ao longo de mais de um mês, na Biblioteca Municipal, chegou ao seu termo.

O quinto e último módulo foi orientado por Artur Coimbra, presidente da associação organizadora, e abordou o tema “Memórias Literárias da Guerra Colonial”.

Sabendo-se que, desde que existe guerra, há literatura alusiva, o orador salientou que a literatura portuguesa é deficitária nesse tipo de escrita. Só a Guerra de África é que veio agitar as águas da criação literária e da investigação histórica, levada a efeito sobretudo após o 25 de Abril.

Refere-se a existência de mais de seis dezenas de romances em que o conflito que martirizou uma geração de portugueses é tema e duas centenas em que é subtema ou forte referência, para lá das manifestações sobre a guerra em todas as outras disciplinas literárias.

Artur Coimbra aludiu à existência de inúmeras obras de referência e contextualização histórica, subscritas por uma legião de investigadores e historiadores, desde José Freire Antunes a Álvaro Guerra, passando por Aniceto Afonso, Carlos Matos Gomes e Dalila Cabrita Mateus.

Já na poesia e na ficção, há imenso textos de autores mais ou menos conhecidos, que abordaram o fenómeno da guerra em África, sob diferentes perspectivas, desde António Lobo Antunes a Manuel Alegre, Mário de Carvalho, Álvaro Guerra, Lídia Jorge e Carlos Vale Ferraz (pseudónimo literário de Carlos Matos Gomes), o celebrado autor de um dos romances mais emblemáticos sobre o tema, Nó Cego.

Artur Coimbra desceu depois à realidade de Fafe, abordando a poesia e a crónica que os combatentes iam disseminando pelos jornais locais, em especial o Notícias de Fafe e o Povo de Fafe.

Em livro, apenas Domingos Gonçalves (3 volumes), que esteve presente nesta sessão e deu o seu testemunho, e Alberto Alves (contos) deixaram os testemunhos da sua passagem pela Guiné nos anos 60.

Mas na poesia deixaram o seu nome ligado ao tema autores como Almeida Mattos, Acácio Almeida, Artur Leite, Domingos Gonçalves e José Salgado Leite, entre outros.

No final, houve ainda espaço para uma breve intervenção de Jaime Silva, a complementar a sua anterior e para a entrega dos diplomas aos participantes nesta formação.

Além de Artur Coimbra, intervieram como oradores nesta formação José Manuel Lages, director científico do Museu da Guerra Colonial, os ex-combatentes Jaime Silva e Artur Magalhães Leite e o historiador Daniel Bastos (estes dois, membros da direcção da NALF).

Um curso que correu muito bem, com a presença permanente de quatro dezenas de participantes, na sua grande maioria ex-combatentes da guerra em África.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Revista “Perfil”: Uma pedrada no charco literário de Fafe (e da região) há mais de duas décadas



Uma das primeiras e mais significativas iniciativas do Núcleo de Artes e Letras de Fafe foi o lançamento da revista Perfil, de que saíram dois números, que primaram pela qualidade das suas colaborações e que são hoje objecto histórico de colecção.
O número inaugural foi lançado em 27 de Fevereiro de 1992, já lá vão mais de 21 anos, em sessão que decorreu na Casa Municipal de Cultura. Assumido como “vontade e expressão de descentralização cultural, querendo identicamente reafirmar que a província é, hoje, lugar conde as letras e as artes vicejam e a identidade se descobre e revela”, escrevíamos em nota de abertura.
Valorizava a revista o ineditismo dos textos e imagens.
Aquele número incluiu a colaboração de nomes grandes das letras nacionais, inolvidáveis “amigos de Fafe” que nos deram a honra de participar: Eugénio de Andrade, Mário Cláudio, Victor de Sá, António Aragão, Ana Hatherly, E. M. de Mello e Castro, Fernando Guimarães, José Augusto Seabra, José Manuel Mendes, Papiniano Carlos e Vergílio Alberto Vieira.
Da parte do Núcleo de Artes e Letras, de referir a colaboração dos poetas e escritores Almeida Mattos, Artur F. Coimbra, Aureliano Barata, José Salgado Leite, Manuel Ribeiro, Paula Nogueira, Pompeu Miguel Martins e Soledade Summavielle, bem como dos artistas Ana Stingl, António Santana, Belmira Guimarães, Dario Gonçalves, João Artur Pinto e Orlando Pompeu.
“Poesia e prosa, crónica e ensaio e até tradução. E algumas ilustrações. Linguagens diferentes, plásticas diversificadas, estilos muito próprios e individualizados. Um todo poliédrico sobre uma pluralidade de dizeres” – sublinhávamos ainda na introdução.
 
 
 
 
Com capa sobre um desenho do pintor João Paulo, a revista contou com os apoios da Câmara Municipal de Fafe, Governo Civil de Braga (numa altura em que ainda havia governos civis em Portugal e em que eles ainda apoiavam alguma coisa a actividade cultural…), a Junta de Freguesia de Fafe e três empresas.
A apresentação esteve a cargo do presidente do NALF, Artur Coimbra, enquanto a associada Paula Nogueira declamou alguns poemas da revista, com acompanhamento musical de fundo por outro associado, José Salgado Leite.
 
 
Com 88 páginas, a revista Perfil 1, da qual foi feita uma tiragem de 1000 exemplares e custava 500$00 (cerca de 2,5 €, na moeda actual), seria ainda apresentada no Paço dos Duques de Bragança (Guimarães), na Cooperativa Árvore (Porto) e no Museu Nogueira da Silva (Braga).
Quatro anos após o primeiro número, em 1996, Perfil regressou ao convívio dos leitores, quando as condições se criaram “para repetir a faustosa experiência”.
Com o formato e as características do número inicial, Perfil 2 insistia no “propósito primeiro de dar voz aos autores locais”, enriquecendo o seu conteúdo e interesse com a colaboração de “valores literários consagrados”.
 
Por isso, sem sujeições temáticas ou espartilhos formais, a revista assumia-se, uma vez mais, como “espaço de liberdade: para os autores e para os leitores”.
Neste número, colaboraram, na poesia, Artur F. Coimbra, Benedita Stingl, José Emílio-Nélson, José Manuel Mendes, Fátima Gonçalves, Nélson Fafe, Papiniano Carlos e Vergílio Alberto Vieira.
Na crónica, colaboraram Paulo Fafe e Soledade Summavielle, enquanto na ficção publicámos textos de Alberto Oliveira Ponto, Ana Hatherly, Arsénio Mota, José Abílio Coelho e Salgado Leite.
Na área dos “estudos”, realce para textos de Aureliano Barata, Henrique Barreto Nunes e Pompeu Miguel Martins.
Finalmente, destacam-se as ilustrações dos artistas Ana Stingl, Avelino Rocha, Belmira Guimarães, Carminda Andrade, Gouveia Rocha, Orlando Pompeu e Victor Guimarães.
Com 80 páginas, este número teve a tiragem de 500 exemplares e o preço de capa de 750$00 (3,5 €, na moeda actual).
Foi o último número desta experiência que teve, na época, o seu encanto!
 

domingo, 17 de novembro de 2013





O II Curso Livre de História Local, sobre a Guerra Colonial, que o Núcleo de Artes e Letras de Fafe está a organizar desde há um mês, chega ao fim na próxima quinta-feira, 21 de Novembro, dia em que Artur Coimbra aborda o tema “Memórias Literárias da Guerra Colonial”.

A sessão decorre na Biblioteca Municipal, entre as 18h30e as 20h00 e culmina com a entrega dos diplomas de participação.

Na penúltima sessão, o historiador Artur Magalhães Leite abordou as causas da guerra (principalmente em Angola) e da vida no quartel.

Sobre as causas próximas do conflito sangrento que marcou uma geração de jovens portugueses entre 1961 e 1975, com a guerra, a morte e o sofrimento, referiu a infiltração de elementos subversivos com influência nos nativos, a exploração do trabalho com fracos recursos, a reduzida valorização na compra do algodão e outros produtos, a repressão policial, a continuação dos maus tratos infligidos pelos colonos aos naturais e o surgimento do MPLA, em 1960.

Abordou a mortandade na baixa do Cassange produzida pela força aérea portuguesa, com o uso de bombas incendiárias de napalm e outros desfolhantes químicos, na sequência da revolta dos guerrilheiros da UPA., em 11 de Janeiro de 1961 e que provocou praticamente o início da guerra colonial. “A carnificina não teve paralelo na história da guerra colonial, estimando-se em sete a dez mil mortos” e a destruição de 17 aldeias, sublinhou Artur Leite.

O início oficial da guerra em Angola relaciona-se com o ataque de guerrilheiros da UPA (União das Populações de Angola), chefiada por Holden Roberto, à Casa de Reclusão Militar, na madrugada de 3 para 4 de Fevereiro de 1961, com a intenção de libertarem uns presos que iam ser transferidos para o Tarrafal. Mataram quatro guardas e ficaram com as armas destes. Seguem-se mais ataques nos dias seguintes com mortes e feridos e com os brancos e milícias civis a invadirem os musseques e a chacinar a eito.

A 15 de Março de 1961, dá-se o massacre dos fazendeiros, colonos e bailundos: a guerra está oficialmente aberta entre os portugueses e os nacionalistas angolanos.

Seguem-se episódios sangrentos como a conquista de Nambuangongo, em Agosto, na chamada “Operação Viriato”.

Artur Leite abordou ainda o múltiplo nacionalismo dos brancos de Angola, os interesses sociais e políticos dos dirigentes da guerrilha e acção psicológica do exército português, designadamente ao nível da escola, da enfermaria, da comida e outras, de forma a evitar a divisão entre brancos e negros, impor a disciplina nas população e a formar milícias e voluntários.

Dezenas de diapositivos e fotografias enriqueceram uma apresentação que foi esclarecedora e trouxe imensa informação aos participantes no curso.

sábado, 9 de novembro de 2013

A Guerra Colonial nas páginas da imprensa local


No âmbito do II Curso Livre de História Local, promovido pelo Núcleo de Artes e Letras de Fafe e subordinado à temática “O concelho de Fafe e a Guerra Colonial (1961-1974)”, o jovem historiador Daniel Bastos apresentou a comunicação “A Guerra Colonial nas páginas da imprensa local”, perante algumas dezenas de ex-combatentes e interessados nesta temática.
Considerando os periódicos como fonte documental para o conhecimento da história contemporânea do concelho de Fafe, Daniel Bastos abordou as dimensões do conflito ultramarino explanadas pela imprensa local entre os anos de 1961 e 1974.


 
Tendo como fontes primárias de análise os jornais locais O Desforço, Notícias de Fafe e o Povo de Fafe, o investigador sistematizou e analisou diversos textos e imagens desses periódicos alusivos à Guerra Colonial, que “demonstraram desde logo que os artigos dos jornais locais não transmitiram a realidade do conflito” – segundo a opinião transmitida aos presentes por Daniel Bastos. 


 
De facto, durante muito tempo, a sociedade local, como a nível nacional, iludida pela censura à imprensa, viveu sob a ilusão de que em Angola, Moçambique e na Guiné “não houve uma guerra, mas apenas ataques terroristas e potências estrangeiras”- sublinhou.
 
As imagens insertas na imprensa local entre 1961 e 1974, relativas aos territórios ultramarinos, segundo o historiador, que é também vice-presidente do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, criaram uma realidade ilusória de quietação e convivência entre as forças militares e as populações africanas, imperando nos periódicos, sobretudo no Notícias de Fafe e no Povo de Fafe, um claro compromisso ideológico com as linhas políticas oficiais do regime do Estado Novo.
Ao longo da comunicação foi revelada inúmera informação inserta nos jornais locais, entre as décadas de 1960 e 1970, que, tendo sido analisada e organizada pelo investigador, permitiu desvendar relevantes informações. Nomeadamente, sobre as partidas e regressos de soldados fafenses do Ultramar; mensagens de Natal de soldados locais, pedidos de madrinhas de Guerra de soldados locais no Ultramar; louvores militares de soldados fafenses, os militares de Fafe mortos e feridos na Guerra Colonial, crónicas e poemas sobre o conflito armado e iniciativas locais no âmbito da Guerra do Ultramar.
O Curso Livre de História Local prossegue no próximo dia 14, com um módulo em que imperam os testemunhos de ex-combatentes nos diversos palcos da guerra colonial, moderado pelo historiador Artur Magalhães Leite, que participou na guerra, em Angola.
Oito dias depois, culmina com o módulo sobre “Memórias Literárias da Guerra Colonial”, conduzido por Artur Coimbra, presidente do Núcleo de Artes e Letras, seguindo-se a entrega de diplomas de participação.