No âmbito do II Curso Livre de História Local, promovido
pelo Núcleo de Artes e Letras de Fafe e subordinado à temática “O concelho de
Fafe e a Guerra Colonial (1961-1974)”, o jovem historiador Daniel Bastos
apresentou a comunicação “A Guerra Colonial nas páginas da imprensa local”,
perante algumas dezenas de ex-combatentes e interessados nesta temática.
Considerando os periódicos como fonte documental para o
conhecimento da história contemporânea do concelho de Fafe, Daniel Bastos abordou
as dimensões do conflito ultramarino explanadas pela imprensa local entre os
anos de 1961 e 1974.
Tendo como fontes primárias de análise os jornais locais O Desforço, Notícias de Fafe e o Povo de
Fafe, o investigador sistematizou e analisou diversos textos e imagens
desses periódicos alusivos à Guerra Colonial, que “demonstraram desde logo que
os artigos dos jornais locais não transmitiram a realidade do conflito” –
segundo a opinião transmitida aos presentes por Daniel Bastos.
De facto, durante muito tempo, a sociedade local, como a
nível nacional, iludida pela censura à imprensa, viveu sob a ilusão de que em
Angola, Moçambique e na Guiné “não houve uma guerra, mas apenas ataques
terroristas e potências estrangeiras”- sublinhou.
As imagens insertas na imprensa local entre 1961 e 1974,
relativas aos territórios ultramarinos, segundo o historiador, que é também
vice-presidente do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, criaram uma realidade
ilusória de quietação e convivência entre as forças militares e as populações
africanas, imperando nos periódicos, sobretudo no Notícias de Fafe e no Povo de
Fafe, um claro compromisso ideológico com as linhas políticas oficiais do
regime do Estado Novo.
Ao longo da comunicação foi revelada inúmera informação
inserta nos jornais locais, entre as décadas de 1960 e 1970, que, tendo sido
analisada e organizada pelo investigador, permitiu desvendar relevantes
informações. Nomeadamente, sobre as partidas e regressos de soldados fafenses
do Ultramar; mensagens de Natal
de soldados locais, pedidos de madrinhas de Guerra de soldados locais no
Ultramar; louvores militares de soldados fafenses, os militares de Fafe mortos
e feridos na Guerra Colonial, crónicas e poemas sobre o conflito armado e
iniciativas locais no âmbito da Guerra do Ultramar.
O Curso Livre de
História Local prossegue no próximo dia 14, com um módulo em que imperam os
testemunhos de ex-combatentes nos diversos palcos da guerra colonial, moderado
pelo historiador Artur Magalhães Leite, que participou na guerra, em Angola.
Oito dias depois,
culmina com o módulo sobre “Memórias Literárias da Guerra Colonial”, conduzido
por Artur Coimbra, presidente do Núcleo de Artes e Letras, seguindo-se a
entrega de diplomas de participação.
Sem comentários:
Enviar um comentário