O II Curso Livre de História Local, sobre a Guerra Colonial,
que o Núcleo de Artes e Letras de Fafe está a organizar desde há um mês, chega
ao fim na próxima quinta-feira, 21 de Novembro, dia em que Artur Coimbra aborda
o tema “Memórias Literárias da Guerra Colonial”.
A sessão decorre na Biblioteca Municipal, entre as 18h30e as
20h00 e culmina com a entrega dos diplomas de participação.
Na penúltima sessão, o historiador Artur Magalhães Leite
abordou as causas da guerra (principalmente em Angola) e da vida no quartel.
Sobre as causas próximas do conflito sangrento que marcou uma
geração de jovens portugueses entre 1961 e 1975, com a guerra, a morte e o
sofrimento, referiu a infiltração de elementos subversivos com influência nos
nativos, a exploração do trabalho com fracos recursos, a reduzida valorização
na compra do algodão e outros produtos, a repressão policial, a continuação dos
maus tratos infligidos pelos colonos aos naturais e o surgimento do MPLA, em
1960.
Abordou a mortandade na baixa do Cassange produzida pela
força aérea portuguesa, com o uso de bombas incendiárias de napalm e outros desfolhantes
químicos, na sequência da revolta dos guerrilheiros da UPA., em 11 de Janeiro
de 1961 e que provocou praticamente o início da guerra colonial. “A carnificina
não teve paralelo na história da guerra colonial, estimando-se em sete a dez
mil mortos” e a destruição de 17 aldeias, sublinhou Artur Leite.
O início oficial da guerra em Angola relaciona-se com o
ataque de guerrilheiros da UPA (União das Populações de Angola), chefiada por
Holden Roberto, à Casa de Reclusão Militar, na madrugada de 3 para 4 de
Fevereiro de 1961, com a intenção de libertarem uns presos que iam ser
transferidos para o Tarrafal. Mataram quatro guardas e ficaram com as armas
destes. Seguem-se mais ataques nos dias seguintes com mortes e feridos e com os
brancos e milícias civis a invadirem os musseques e a chacinar a eito.
A 15 de Março de 1961, dá-se o massacre dos fazendeiros,
colonos e bailundos: a guerra está oficialmente aberta entre os portugueses e
os nacionalistas angolanos.
Seguem-se episódios sangrentos como a conquista de
Nambuangongo, em Agosto, na chamada “Operação Viriato”.
Artur Leite abordou ainda o múltiplo nacionalismo dos brancos
de Angola, os interesses sociais e políticos dos dirigentes da guerrilha e
acção psicológica do exército português, designadamente ao nível da escola, da
enfermaria, da comida e outras, de forma a evitar a divisão entre brancos e
negros, impor a disciplina nas população e a formar milícias e voluntários.
Dezenas de diapositivos e fotografias enriqueceram uma
apresentação que foi esclarecedora e trouxe imensa informação aos participantes
no curso.
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