O II Curso
Livre de História Local de Fafe, sobre o tema da Guerra Colonial (1961-1974), e
que foi promovido pela Núcleo de Artes e Letras de Fafe ao longo de mais de um
mês, na Biblioteca Municipal, chegou ao seu termo.
O quinto e último módulo foi orientado por Artur Coimbra,
presidente da associação organizadora, e abordou o tema “Memórias Literárias da
Guerra Colonial”.
Sabendo-se que, desde que existe guerra, há literatura
alusiva, o orador salientou que a literatura portuguesa é deficitária nesse
tipo de escrita. Só a Guerra de África é que veio agitar as águas da criação
literária e da investigação histórica, levada a efeito sobretudo após o 25 de
Abril.
Refere-se a existência de mais de seis dezenas de romances em
que o conflito que martirizou uma geração de portugueses é tema e duas centenas
em que é subtema ou forte referência, para lá das manifestações sobre a guerra
em todas as outras disciplinas literárias.
Artur Coimbra aludiu à existência de inúmeras obras de
referência e contextualização histórica, subscritas por uma legião de
investigadores e historiadores, desde José Freire Antunes a Álvaro Guerra,
passando por Aniceto Afonso, Carlos Matos Gomes e Dalila Cabrita Mateus.
Já na poesia e na ficção, há imenso textos de autores mais ou
menos conhecidos, que abordaram o fenómeno da guerra em África, sob diferentes
perspectivas, desde António Lobo Antunes a Manuel Alegre, Mário de Carvalho,
Álvaro Guerra, Lídia Jorge e Carlos Vale Ferraz (pseudónimo literário de Carlos
Matos Gomes), o celebrado autor de um dos romances mais emblemáticos sobre o
tema, Nó Cego.
Artur Coimbra desceu depois à realidade de Fafe, abordando a
poesia e a crónica que os combatentes iam disseminando pelos jornais locais, em
especial o Notícias de Fafe e o Povo de Fafe.
Em livro, apenas Domingos Gonçalves (3 volumes), que esteve
presente nesta sessão e deu o seu testemunho, e Alberto
Alves (contos) deixaram os testemunhos da sua passagem pela Guiné nos anos 60.
Mas na poesia deixaram o seu nome ligado ao tema autores como
Almeida Mattos, Acácio Almeida, Artur Leite, Domingos Gonçalves e José Salgado
Leite, entre outros.
No final, houve ainda espaço para uma breve intervenção de
Jaime Silva, a complementar a sua anterior e para a entrega dos diplomas aos
participantes nesta formação.
Além de Artur Coimbra, intervieram como oradores nesta
formação José Manuel Lages, director científico do Museu da Guerra Colonial, os
ex-combatentes Jaime Silva e Artur Magalhães Leite e o historiador Daniel
Bastos (estes dois, membros da direcção da NALF).
Um curso que correu muito bem, com a presença permanente de quatro
dezenas de participantes, na sua grande maioria ex-combatentes da guerra em
África.
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