sábado, 26 de outubro de 2013

GUERRA COLONIAL EM DEBATE NO II CURSO LIVRE DE HISTÓRIA LOCAL DO NALF







O II Curso Livre de História Local, organizado pelo Núcleo de Artes e Letras de Fafe, sobre o impacto da Guerra Colonial, começou da melhor forma com uma soberba explanação de José Manuel Lages, director científico do Museu da Guerra Colonial.
A sessão começou com uma breve apresentação do presidente do Núcleo de Artes e Letras, Artur Coimbra, fazendo o enquadramento da iniciativa, no âmbito da evocação dos 50 anos do início da Guerra em África (1961, em Angola; 1963, na Guiné e 1964, em Moçambique), que se prolonga até 2014, altura em que será lançada uma obra de testemunhos e textos de antigos combatentes de Fafe e também as actas deste curso livre.
Durante mais de uma hora e meia, o orador falou do itinerário dos combatentes da Guerra Colonial, fazendo o seu trajecto, desde a partida até ao regresso (vivos ou mortos), incluindo a sua vida no Ultramar.
Passados mais de quarenta anos sobre o fim da Guerra, ainda não há números concretos e definitivos sobre os participantes e as baixas neste conflito sangrento que arrastou o maior sofrimento individual e colectivo neste país.
Há quem fale em 1 milhão de participantes; há quem fale em 1,2 milhões.
Há quem fale em 8 mil mortos e quem fale em 10 mil.
Há quem aponte 20 mil deficientes e quem avance para os 26 mil.
Há quem cifre em 100 mil os que sofrem do stress pós traumático de guerra e os que apontam para mais de 140 mil.
José Manuel Lages falou da tendência para a incorporação de militares por região, da morte dos militares (a família chorava o seu morto quatro vezes), dos feridos, deficientes e prisioneiros de guerra, da correspondência (aerogramas, telegramas, cassetes), dos diários pessoais, de companhia e dos capelães e de outros assuntos de interesse para os participantes, sobretudo ex-combatentes, docentes e outros interessados.
Abordou as principais causas de deficiência (minas) e de morte (combate, acidentes e doenças), bem como o frequente recurso a medicamentos, álcool e drogas entre os militares, para os manterem “em forma” e “aptos” para as operações bélicas.
O orador abordou ainda ao de leve temas ainda hoje interditos ou pouco explorados, como a existência do Anexo Militar, um verdadeiro “campo de concentração” em Lisboa para onde eram levados os feridos, estropiados, cegos e queimados resultantes da guerra colonial; os “homens-cesto”, sem pés nem braços, escondidos às famílias e o Centro Ortopédico Militar de Hamburgo, para onde foram muitos dos militares, vítimas de minas ou de bombas (pelo menos dois, estiveram presentes nesta sessão).
Os militares portugueses foram verdadeiros heróis, sem dúvida, nas difíceis condições do terreno e da subsistência registadas nas nossas colónias, que nada se comparavam por exemplo, às condições dos combatentes americanos na guerra no Vietname.
Os presentes adoraram estas e outras matérias por parte de um investigador que não esteve na guerra colonial e que mostrou saber tanto ou mais do que muitos que a viveram por dentro.
O curso prossegue na próxima quinta-feira (31 de Outubro) com a intervenção do ex-combatente Jaime Silva que falará sobre o tema “A participação de militares do concelho de Fafe no Ultramar”.
Em 7 de Novembro, a temática “A Guerra Colonial nas páginas da imprensa local” será tratada pelo historiador Daniel Bastos e em 14 de Novembro o também historiador e ex-combatente Artur Magalhães Leite modera o quarto módulo sobre “O conflito contado por aqueles que o viveram: imagens e testemunhos da Guerra Colonial”.
Finalmente, em 21 de Novembro, culmina o curso com o tema “Memórias literárias da Guerra Colonial”, pelo historiador Artur Coimbra, seguindo-se a entrega dos diplomas de participação.
Sempre na Biblioteca Municipal de Fafe, entre as 18h30 e as 20h00!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

NÚCLEO DE ARTES E LETRAS PROMOVE CURSO LIVRE SOBRE A GUERRA COLONIAL



O Núcleo de Artes e Letras de Fafe vai levar a efeito o II Curso Livre de História Local, sobre a temática do impacto da Guerra Colonial (1961-1974) no concelho de Fafe.
O curso terá início em 24 de Outubro e decorrerá semanalmente às quintas-feiras, até 21 de Novembro, das 18h30 às 20h00, no auditório da Biblioteca Municipal de Fafe, sendo aberto a toda a comunidade, desde os ex-combatentes da guerra colonial ao pessoal docente das escolas do concelho e aos interessados, em geral.
O prazo de inscrição decorre até 21 de Outubro.
O curso inclui cinco módulos, em que se fará a abordagem da Guerra Colonial, a nível nacional e depois se descerá à realidade e à memória do concelho para abordar diferentes aspectos do impacto desse conflito que marcou e continua a marcar gerações de fafenses e de portugueses em geral.
O primeiro módulo (24 de Outubro) tem por tema “O itinerário do combatente português na guerra colonial: método de pesquisa e áreas de estudo, vivências da guerra, consequências e aspectos ocultos desta guerra" e será ministrado pelo docente José Manuel Lages, director do Museu da Guerra Colonial.
Em 31 do corrente, é a vez de Jaime Silva, ex-combatente na guerra colonial, abordar o tema “A participação de militares do concelho de Fafe no Ultramar”.
Em 7 de Novembro, a temática “A Guerra Colonial nas páginas da imprensa local” será tratada pelo historiador Daniel Bastos e em 14 de Novembro o também historiador e ex-combatente Artur Magalhães Leite modera o quarto módulo sobre “O conflito contado por aqueles que o viveram: imagens e testemunhos da Guerra Colonial”.
Finalmente, em 21 de Novembro, culmina o curso com o tema “Memórias literárias da Guerra Colonial”, pelo historiador Artur Coimbra, seguindo-se a entrega dos diplomas de participação.

 
A ficha de inscrição, emitida pelo Núcleo de Artes e Letras, pode ser remetida pelo correio para a Casa Municipal de Cultura de Fafe - A/C Núcleo de Artes e Letras de Fafe - Rua Major Miguel Ferreira - 4820-276 FAFE, podendo ser entregue pessoalmente no mesmo local ou enviada para o endereço electrónico: nalf@sapo.pt.
A participação no curso terá um custo simbólico de 5€ para associados do NALF e ex-combatentes e 10€ para os restantes inscritos.
O evento tem a colaboração de entidades como Câmara Municipal de Fafe, Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra, Rangers – Comissão de Trabalho de Fafe, Museu da Guerra Colonial e editora Labirinto.
De recordar que o Núcleo de Artes e Letras de Fafe levou a efeito em 2010 um curso livre de história local sobre a história de Fafe na I República, do qual resultou na publicação de uma obra lançada há cerca de um ano.