quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

“Senhora-à-Vila. Quatro Séculos de Fé e Tradição Cultural”: livro reeditado de Artur Magalhães Leite

O nosso associado Artur Magalhães Leite viu há pouco reeditado o seu excelente livro O Culto à Senhora da Lapinha – Perspectiva Histórica e Etnográfica (2007), em publicação patrocinada pela Fundação Cidade de Guimarães, no âmbito do Capital Europeia da Cultura.
A obra ostenta agora a designação Senhora-à-Vila. Quatro Séculos de Fé e Tradição Cultural e o subtítulo “Contributo histórico e etnográfico para o procedimento de inscrição do Clamor da Lapinha como PCI (Património Cultural Imaterial) no sistema de informação MatrizPCI”.
A anterior presidente da Fundação Cidade de Guimarães, Cristina Azevedo, escreveu um breve mas suculento “prefácio para a 2ª edição” em que se espraia pela conceptualização da cultura e do património, sobretudo imaterial, considerado este “concepção nova da sociedade actual”, sublinhando “o direito à identidade de cada comunidade, às práticas sociais ancestrais que exprimem a diferença”. Estamos na ordem do simbólico, do intangível, na qual se insere a Ronda da Lapinha.
Cristina Azevedo integra a obra de Artur Leite como “uma peça decisiva para o reconhecimento público deste património singular”, que é de Guimarães e de Portugal.
Repete-se o prefácio da primeira edição, da autoria do Pároco de Calvos e Reitor do Santuário, Joaquim Martins Oliveira, e publica-se uma declaração da Fundação Cidade de Guimarães de apoio à candidatura a Património Cultural Imaterial de Portugal do Clamor, “popularmente conhecido como a Senhora-à-Vila ou Ronda da Lapinha”, que tem lugar todos os anos no terceiro domingo de Junho, entre a Lapinha e a Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães. Várias freguesias de Fafe comungam a importância dessa romaria, participando nela as respectivas populações, ao longo dos anos.
É uma tradição de cerca de quatro séculos a que Artur Leite trata, com evidente mestria e profunda investigação em bibliotecas da região e arquivos de Guimarães, Braga e Porto, além da pesquisa aturada na imprensa regional (até no Desforço, de Fafe) e nacional.
Em 162 páginas, o autor trata da origem e expansão do Culto à Senhora da lapinha, “protectora dos agricultores”; aborda as fontes e documentação da confraria que enriquecem a história da Lapinha; fala das capelas, hino e novenas em honra da Senhora da Lapinha; detém-se sobre as procissões da Lapinha e, mais especificamente, disserta sobre a Confraria, os romeiros e os beneméritos de Nossa Senhora da Lapinha.
As maiores felicitações para o nosso confrade por esta excelente obra, de cariz monográfico, que enriquece a sua bibliografia e honra a sua terra natal.

O autor: Artur Magalhães Leite  (1948), natural da freguesia de Fareja e residente na cidade, viveu em Calvos, concelho de Guimarães, durante alguns anos. Daí a ligação à Lapinha.
É professor de História e Geografia de Portugal, e de Língua Portuguesa, na EB2,3 Montelongo, em Fafe.
É autor das obras O Ensino em Fafe, 1750-1974, O Culto à Senhora da Lapinha, Calvo ao Longo da História e Fafe em Datas.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Orlando Pompeu expõe “Manifestos Conceptuais” em Albufeira (Algarve)

O nosso amigo e associado Orlando Pompeu, o artista mais consagrado do concelho, tem uma nova exposição de pintura, desta feita “Manifestos Conceptuais”, na Galeria Municipal de Albufeira, no Algarve, entre os dias 28 de Outubro e 26 de Novembro.
Orlando Pompeu nasceu a 24 de Maio de 1956, em Cepães, concelho de Fafe, Portugal. Estudou desenho, pintura e escultura em Barcelona, Porto e Paris. Nos anos 90 progrediu no seu percurso artístico ao ir trabalhar para os Estados Unidos da América, primeiramente, e depois, Japão. A sua obra consta em várias colecções particulares e oficiais em Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Brasil, Estados Unidos da América, Japão e Dubai.
O artista é detentor de uma carreira de trinta anos bem com um currículo nacional e internacional ímpar...

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS - Fafe, Guimarães, Braga, S. Tirso, Amarante, Paredes, Porto (Exposição Retrospectiva na Fundação Eng.º António de Almeida 1997, no Hotel Sheraton, na Livraria Lello e na Ordem dos Médicos em 2006), Lousada, Espinho, Póvoa de Varzim, S. João da Pesqueira, Moimento da Beira, Sernancelhe, Aguiar da beira, Vila Nova de Paiva, Lamego, Macedo de Cavaleiros, Viseu, Leça da Palmeira, Boticas, Valbom,Tarouca, Lisboa (Galeria Barata), Tui, Vigo (Instituto Camões em 2002), La Toja (Casino), Paris (Galeria Jean Camion em 1986, Caixa Geral de Depósitos em 1991, Império Seguros em 1996, Caixa Geral de Depósitos em 2000 e Banco Comercial Português em 2002. Centro Cultural de Tui – Espanha e Livraria Lello – Porto em 2007. Sociedade Portuguesa de Oftalmologia – Lisboa, Quinta dos Ingleses 2008.L´Fresco, Livraria Lello, Alla-Prima -Porto, Circulo Cultural Mercantil e Industrial de Vigo – Espanha, em 2009. Exposição Colectiva Vicus x Haiti – Casa das Artes Vigo – Espanha, Galeria Artur Bual - Amadora e Exposição Colectiva “Diversidades 2010” – Palácio do Freixo, Porto em 2010.
Convidado para artista do mês, expôs em Junho de 1987 no Centro Cultural Português da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris.
Em 1990 reside nos Estados Unidos da América e expõe na Galeria “Eighty Four”, em Nova Iorque.
Em 1994 reside no Japão e expõe na TIAS – Tokyo International Art Show e na Galeria Garou Monogatari em Tóquio.
Em 1997 reside em Barcelona e Cadaqués e expõe na Galeria Marabelló, Barcelona…

EXPOSIÇÕES COLECTIVAS - Porto, Aveiro, S. Tirso, Guimarães, Fafe, Braga, Marco de Canaveses, Vila Meã, Sabugal, Covilhã,Coimbra, Viseu, Lisboa, Estoril, Reguengos de Monsaraz, Faro, Cidade Rodrigo, Vigo, Madrid,Barcelona, Rio de Janeiro, S. Paulo, Paris, Londres, Nova lorque, S. Francisco, Kioto, Osaka e Tóquio.

Para mais informações, p.f.,  visite o site do autor:
www.orlandopompeu.com
 
As maiores felicidades para mais esta exposição!

“Vivências”: João Pinto realiza exposição de fotografia na Biblioteca Municipal de Fafe


João Artur Pinto, associado e dirigente do Núcleo de Artes e Letras, realiza uma exposição de fotografia sob a designação VIVÊNCIAS, a qual abre ao público na Biblioteca Municipal de Fafe esta sexta-feira, 28 de Outubro, pelas 11h00, promovida pela Delegação de Fafe da Cruz Vermelha Portuguesa.
A iniciativa enquadra-se no âmbito do projecto REDE SOLIDÁRIA, iniciado em 2008 e que tem como finalidade a promoção de relações de proximidade entre voluntários da Delegação e pessoas com mais de 65 anos, em situação de isolamento social, de modo a potenciar o desenvolvimento de redes de apoio, promover a auto-estima e autonomia dos idosos, fomentar a sua formação cívica e cultural, promover a aproximação dos idosos aos serviços de apoio existentes, auxiliar na realização de tarefas e contribuir para o retardamento ou evitamento da institucionalização.

Fotógrafo João Pinto
A exposição, que tem o apoio da campanha Causa Maior, prolonga-se até ao dia 4 de Novembro, no horário de funcionamento da Biblioteca, de segunda a sábado.
João Pinto, animador cultural da autarquia, mais conhecido nos últimos anos como editor e responsável da Labirinto, regressa à fotografia e às exposições, que foi por onde começou a sua actividade cultural.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Daniel Bastos apresentou em Paris o seu livro “Fafe - Estudos de História Contemporânea”

No passado dia 23 de Setembro, o historiador Daniel Bastos, ilustre associado e vice-presidente do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, apresentou no Consulado Geral de Portugal em Paris o livro “Fafe – Estudos de História Contemporânea”. A sessão, que juntou a comunidade emigrante em França, em particular a fafense, e encheu por completo a Sala Eça de Queirós, contou com a presença do presidente do Município de Fafe, José Ribeiro, e a jornalista da Euronews, Carina Branco, natural do concelho de Fafe.



A jornada cultural iniciou-se na véspera da apresentação do livro, no dia 22 de Setembro (quinta-feira) ao final da tarde, com uma entrevista do autor da obra à Rádio Alfa, uma emissora privada que emite desde 1987 na Grande Paris para cerca de 800 mil portugueses e luso-descendentes. No decorrer da entrevista, conduzida pelo jornalista Artur Silva, o historiador fafense retratou em traços gerais o conteúdo da obra destacando a cultura e o património do concelho minhoto, e desafiando os inúmeros conterrâneos residentes em terras gaulesas a marcarem presença na sessão de apresentação no Consulado.
Ainda no inicio da tarde de sexta-feira, o autarca fafense, José Ribeiro, esteve presente numa reunião de trabalho, intermediada pelo Cônsul-Geral de Portugal em Paris, Luis Ferraz, com uma delegação da cidade francesa de Sens, localidade onde está presente um forte contingente de emigrantes fafenses e que foi representada pela adjunta do “maire”, Marie-Paule Chappuit e a conselheira municipal portuguesa Manuela Godinho. Durante a reunião foram estabelecidas as bases de um futuro protocolo de geminação entre os dois municípios assente numa lógica de aprofundamento de objectivos e valores comuns.
O lançamento do livro, que tem a chancela da Editora Labirinto, decorreu às 18h30, tendo a obra sido apresentada pela jornalista da Euronews, Carina Branco, que abordou numa perspectiva de interacção com acontecimentos nacionais e locais os factos mais marcantes do concelho de Fafe durante o séc. XX, e realçou o trabalho realizado por Daniel Bastos ao longo da última década em prol da história contemporânea de Fafe.
O historiador fafense, que agradeceu aos responsáveis consulares, designadamente ao Cônsul-Geral de Portugal em Paris, Luis Ferraz, e à conselheira cultural, Ana Nave, assim como ao conselheiro das comunidades portuguesas, Parcídio Peixoto, a oportunidade de apresentar o livro à comunidade emigrante, destacou com emoção o seu contentamento pela presença na sala de cerca de uma centena de familiares, amigos, e conterrâneos que fizeram questão de estarem presentes na sessão de apresentação, garantindo que a todos une “um profundo sentimento de união ao concelho de Fafe capaz de suplantar a distância, a saudade e potenciar a nossa memória e história colectiva”.

 
Por seu lado, o presidente da Câmara Municipal de Fafe, José Ribeiro, que elogiou o trabalho que Daniel Bastos tem desenvolvido no campo da história local, agradeceu ao Consulado Geral de Portugal em Paris o papel activo na materialização do protocolo de geminação com a cidade de Sens, destacando a presença na sessão do fotógrafo Gérald Bloncourt que em 2009 doou ao Município de Fafe cerca de meia de centena de fotografias sobre a vida dos emigrantes portugueses em França. José Ribeiro salientou tratar-se de um espólio valiosíssimo do Museu da Emigração e das Comunidades, e reiterou o comprometimento da autarquia com este projecto singular a nível nacional.
Paralelamente à sessão de autógrafos do autor, que culminou na venda de todos os livros enviados para a sessão de apresentação, decorreu uma prova de vinhos promovida por Vera Lima da empresa de Fafe vocacionada para a produção de vinhos verdes “Vinhos Norte”, um dos principais apoios privados da obra, e que se assumiu como um importante cartão-de-visita representando uma das mais relevantes actividades económicas do concelho.
Refira-se ainda, que no sábado (dia 24) a comitiva local foi convidada pela jornalista portuguesa Aida Cerqueira, locutora da rádio francesa RGB, para uma entrevista – tertúlia que decorreu no histórico café parisiense “La Coupole” onde foi abordada a dimensão cultural, histórica, social, e económica do concelho de Fafe no passado, presente e futuro.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Acácio Almeida apresenta o seu terceiro livro de poesia este sábado na Biblioteca Municipal de Fafe


O poeta fafense e nosso associado Acácio Almeida apresenta a sua obra Esvoaços 2, este sábado, 24 de Setembro, a partir das 15h30, na Biblioteca Municipal de Fafe.
O escritor Artur Coimbra fará uma breve apresentação do autor e da sua obra, a terceira da sua carreira literária.
Poeta e dirigente associativo, José Acácio Martins Graça Almeida, de seu nome completo, nasceu na freguesia de Cepães, neste concelho, em 3 de Novembro de 1948 e reside na cidade.
Membro e dirigente do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, publicou o seu primeiro livro de poemas com o título Esvoaços, em 1988. Vinte anos depois, em Abril de 2008, publicou o segundo livro de poesia, Esvoaços – I.

Acácio Almeida, que chegou a frequentar o 2º ano de Economia na Faculdade de Economia do Porto, foi presidente da Sociedade de Recreio Cepanense, entre os anos de 1973 e 1974 e dirigiu o jornal Intervenção Cepanense nos seus dois últimos anos de existência. Foi presidente do Lions Clube de Fafe no mandato 1999/2000.
Colaborou em diversos jornais, entre os quais o Diário de Lisboa, o Povo de Fafe e o Justiça de Fafe.


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Obra infantil de Benedita Stingl integrada no Plano Nacional de Leitura

É uma excelente notícia para a autora e para a cultura portuguesa: a escritora fafense e associada do NALF Benedita Stingl acaba de ver uma das suas obras dedicadas à infância, com o título A Ponte dos Sonhos – Estórias com Rima, ser integrada no prestigiado Plano Nacional de Leitura, sendo indicada para o 3º ano do ensino básico.
A obra foi publicada em 2009 e tem ilustrações da sua irmã Ana Stingl e do seu filho Luís Henrique Stingl.
Um primeiro núcleo de poemas rimados, versa histórias de animais (o leão e o grilo, o trombinhas, o golfinho e a foca, o tigre e o gato, o pinguim e o papagaio, o pavão e a borboleta, o flamingo e a girafa, entre outros), enquanto o segundo integra poemas de carácter pedagógico dedicado aos mais miúdos, tratando temas como a hora de acordar, o tempo, as 24 horas do dia, a amizade, a hora de comer, a hora do banho, as fases da lua, a numeração, a hora de deitar e os doze meses do ano. O terceiro tem a ver com as comemorações verificadas ao longo do ano (o Carnaval, a Páscoa, os dias do pai e da mãe, da árvore e das bruxas, da criança e da música, as estações do ano, as festas populares, o S. Martinho e o Natal).
Nascida em Fasfe em 1963 e residente há muitos anos na Povo de Varzim, Benedita Stingl tem já uma longa carreira literária de mais de duas dezenas de obras espraiadas por temas como a poesia, a prosa poética, a crónica e o teatro.
Em 2010, publicou mais um interessante livro dedicado aos mais pequenos, com o título Pela Mão das Palavras – Descobrir Rimando.

terça-feira, 5 de julho de 2011

NALF apresentou colectânea Palavras de Cristal

Mesa que presidiu ao evento
O Núcleo de Artes e Letras de Fafe (NALF) realizou na passada sexta-feira à noite, dia 1 de Julho, no Auditório da Casa das Associações, nesta cidade, uma sessão cultural que serviu para a apresentação do livro Palavras de Cristal, colectânea de textos e imagens de diversos autores daquela associação cultural.
A sessão foi antecedida pela inauguração de uma apreciada exposição de pintura e desenho da artista local Belmira Guimarães, antiga dirigente e sócia há muitos anos do Núcleo de Artes e Letras.
A abrir a sessão, o presidente da direcção do NALF, Artur Coimbra, agradeceu a toda a assistência, em bom número e explicou a razão do evento se realizar naquele local, dizendo, nomeadamente, pretender “dar visibilidade a uma sala que tem boas potencialidades para servir as diversas associações que estão sedeadas no edifício e bem assim a cultura fafense”.

Aspecto da assistência

Agradeceu em especial aos colaboradores e artistas que quiseram colaborar na colectânea e manifestação a gratidão do Núcleo de Artes e Letras às instituições que apoiaram a edição da obra, concretamente, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Fafe, cujo presidente, José Mário Silva, integrou a mesa de honra, o mesmo acontecendo aos membros da direcção, Daniel Bastos, Carlos Afonso e João Artur Pinto.
Artur Coimbra sublinhou ainda as acções que estão previstas para este ano, designadamente uma oficina de escrita criativa, orientada pelo escritor Carlos Afonso, o lançamento de uma obra sobre a Primeira República em Fafe, com textos dos historiadores Artur Coimbra, Daniel Bastos e Artur Magalhães Leite e, eventualmente, um segundo curso de História Local.
Seguiu-se a leitura de poemas e excertos de ficção por parte dos colaboradores presentes na sessão: Acácio Almeida, António Almeida Mattos, Artur Coimbra, Artur Magalhães Leite, João Ricardo Lopes, Carlos Afonso, José Salgado Leite e Maria Arlete Gonçalves.
Além destes, colaboram em Palavras de Cristal, na poesia, Benedita Stingl, Pompeu Miguel Martins e Valdemar Gonçalves e na prosa ficcional os associados Catarina Ribeiro Noval, José Emídio Lopes e Tiago Magalhães.

João Ricardo Lopes lendo dois poemas

A obra, de 180 páginas e com capa de Carlos Santana, é enriquecida por ilustrações dos artistas Ana Stingl, Belmira Guimarães, Fina Rosa, Luís Gonzaga e Orlando Pompeu.


Fotos: Manuel Meira Correia

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Núcleo de Artes e Letras apresenta colectânea Palavras de Cristal em 1 de Julho

O Núcleo de Artes e Letras de Fafe promove uma sessão cultural para a apresentação do livro Palavras de Cristal, colectânea de textos e imagens  de diversos  autores associados.
A sessão terá lugar no próximo dia 1 de Julho de 2011, sexta-feira, pelas 21h30, no Auditório da Casa das Associações, sita na Rua Guerra Junqueiro (ao lado da sede do Grupo  Nun’ Álvares).
A sessão será antecedida pela inauguração de uma exposição de pintura e desenho de Belmira Guimarães.
No decorrer da sessão serão declamados alguns poemas que integram Palavras de Cristal.
Esta obra integra poemas de Acácio Almeida, António Almeida Mattos, Artur Ferreira Coimbra, Artur Magalhães Leite, Benedita Stingl, João Ricardo Lopes, Pompeu Miguel Martins e Valdemar Gonçalves.
A colectânea inclui textos em prosa dos associados Carlos Afonso, Catarina Ribeiro Noval, José Emídio Lopes, José Salgado Leite, Maria Arlete Gonçalves e Tiago Magalhães.
A obra, de 180 páginas, é enriquecida por ilustrações dos artistas Ana Stingl, Belmira Guimarães, Fina Rosa, Luís Gonzaga e Orlando Pompeu.
Palavras de Cristal tem capa de Carlos Santana e o apoio da Câmara Municipal de Fafe e da Junta de Freguesia de Fafe.

Para aperitivo, um poema de Valdemar Gonçalves:

Fafe

É para mim a terra onde nasci
Cercada pelos montes ondulados;
Não só meu berço e o chão, onde surgi
Mas o espaço dos sonhos recordados.

A minha identidade passa aí
E justifica todos os recados
Que fui deixando por aqui e ali,
De acordo ou desacordo, assinalados.

Árvore plantada à beira dum ribeiro
Trago comigo a força, por inteiro,
Deste escondido ponto do universo.

É do seu húmus que me vem o alento
De avançar a favor ou contra o vento
Deixando a marca no escrever do verso.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Exposição de Pintura de Orlando Pompeu na Lagoa (Algarve)

O consagrado artista fafense e nosso prestigiado associado, o pintor Orlando Pompeu, abriu este sábado, 21 de Maio, mais uma exposição da sua obra, desta feita no Convento de S. José, no Município de Lagoa – Algarve.
A mostra tem por título Uni-Versos Conceptuais e vai manter-se patente naquele espaço até ao dia 02 de Julho 2011.

Orlando Pompeu nasceu a 24 de Maio de 1956, em Cepães, concelho de Fafe. Estudou desenho, pintura e escultura em Barcelona, Porto e Paris. Nos anos 90 progrediu no seu percurso artístico ao ir trabalhar para os Estados Unidos da América, primeiramente, e depois, Japão. A sua obra consta em varias colecções particulares e oficiais em Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Brasil, Estados Unidos da América, Japão e Dubai.
O artista é detentor de uma carreira de trinta anos bem como um currículo nacional e internacional ímpar, de que Fafe muito justamente se orgulha...
Para mais informações, visite a página electrónica do autor: http://www.orlandopompeu.com/.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Novo livro de João Ricardo Lopes apresentado em Arões São Romão e Braga

O escritor João Ricardo Lopes apresentou no último fim-de-semana e em dois diferentes palcos no Minho a sua última obra literária: no sábado à noite (dia 7), no auditório da Junta de Freguesia de Arões São Romão; no dia seguinte, à tarde, na Feira do Livro de Braga.
Trata-se de reflexões à boca de cena, um volume de 50 poemas (bilingues), que constituem no seu conjunto uma acesa reinvenção do discurso poético, pelo que nele se deixa entremear de narratividade e reflexão dramática (teatro).
Para César Freitas (investigador e professor no Instituto de Estudos Superiores de Fafe), a quem coube a responsabilidade de apresentar o livro em Arões, “A palavra poética do João Ricardo é uma celebração do momento efémero e da sua (re)construção pela memória, um canto da saudade e do silêncio que instaura o regresso aos espaços, aos instantes, aos objectos, às pessoas”. Para este académico, “o poeta, ainda que incapaz de transformar em ouro um coração de pedra, renasce devagar na escrita sublime”, definindo seguidamente reflexões à boca de cena como uma “experiência ontológica capaz de nos mudar interiormente, exigindo-nos uma maior atenção a tudo que nos circunda, a todos os pormenores, corpóreos ou imateriais”.
A sessão, iniciada com o fado de José e João Marão, contou com a presença do editor (João Artur Pinto), da tradutora (Bernarda Esteves) e do escritor, ladeado pelo anfitrião Joel Fernandes (Tesoureiro da Junta), acompanhados por um auditório vasto e atento, para quem foram lidos alguns poemas da obra (tanto em Português, como em Inglês), pelo Grupo de Teatro de Arões.
Bernarda Esteves sublinhou o rigor e a complexidade da tradução: “Em muitos momentos, quando achava que tinha encontrado o termo exacto para a tradução, verifiquei que não era aquele que o João procurava. Foi duro trabalhar com ele, porque a sua escrita é muito depurada e exigentíssima!”
Para o poeta, a noite foi sobretudo um palco de agradecimentos, não esquecendo nenhum dos elementos da “equipa” por de trás da sua obra: “Reconheço que o livro, olhado assim nas mãos agora, é simples e belo, mas toda uma equipa trabalhou para ele e a quem quero agradecer, começando pela Bernarda e incluindo o posfaciador, a fotógrafa, as revisoras da tradução, passando pela gráfica, pelo autor do desenho da capa e pela editora, pela Junta e pela Câmara, entidades que apoiaram a edição. A todos, o meu muito obrigado!”
João Artur Pinto complementou a análise feita com palavras de elogio e de agradecimento: “O João Ricardo completou dez anos de vida literária, acompanhando a evolução da própria Labirinto. Orgulhamo-nos de o ter entre os nossos autores e de ter este trabalho seu no nosso catálogo. É um escritor de enorme qualidade e merece todo o nosso apoio, porque a Labirinto é também uma editora em crescimento e que ao longo da sua história revelou diversos nomes, hoje já consagrados. O João é um deles.”
A noite terminou com o tradicional porto de honra e com uma demorada sessão de autógrafos, que se prolongou no domingo, em Braga, no Parque de Exposições, onde o escritor voltou a falar, acompanhado desta feita por Sérgio Sousa (professor na Universidade do Minho), pelo editor e pela tradutora.
A obra será agora apresentada em Lisboa, no próximo dia 21, na Livraria Pó dos Livros, seguindo-se-lhe um périplo pelas cidades do Porto, Braga, Vila Nova de Famalicão, Coimbra e Faro.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

João Ricardo Lopes regressa com novo livro de poemas, "reflexões à boca de cena"


João Ricardo Lopes é um dos mais seguros valores da nova poesia fafense e nacional.
Estreou-se há dez anos com a obra poética a pedra que chora como palavras(Labirinto, 2001 ― vencedor do Prémio Revelação de Poesia Ary dos Santos).Seguiram-se as obrasalém do dia hoje(edição da Freguesia da Vila de Fânzeres, 2001 ― vencedor do XII Prémio Nacional de Poesia da Vila de Fânzeres), contra o esquecimento das mãos (Labirinto, 2002) e dias desiguais (Labirinto, 2005). Publicou ainda um livro de crónicas — Dos Maus e Bons Pecados (Opera Omnia, 2007).
Regressa agora, com nova obra, o seu sexto livro de originais, reflexões à boca de cena, título que assinala o retorno do escritor aos escaparates, depois de uma ausência de quase quatro anos. O título agora dado à estampa (novamente pela editora Labirinto) compila 50 poemas, traduzidos para pnglês por Bernarda Esteves, docente de Literatura e Linguística Inglesa na Universidade do Minho.
Em 2011, ano em que comemora uma década de vida literária, surpreende com um volume de composições poéticas, alicerçadas em torno do espaço metafórico do teatro. De acordo com o posfácio, assinado pelo também poeta Daniel Gonçalves, “Os poemas deste livro têm uma vida que vai acender aos confins do universo a última gota de silêncio primordial.”
A obra tem dois lançamentos previstos para este fim-de-semana. No sábado, 7 de Maio, o livro é apresentado no auditório da Junta de Freguesia de Arões S. Romão,  pelas 21h30. A apresentação está a cargo de César Freitas (professor e investigador no Instituto de Estudos Superiores de Fafe), também natural da freguesia, como o autor.
Segue-se uma apresentação no domingo, pelas 18h00, na Feira do Livro de Braga (com apresentação de Sérgio Sousa, docente na Universidade do Minho).
Estão ainda previstas sessões de apresentação em Lisboa (final do mês) e Porto (início de Junho).
Escritor e professor,João Ricardo Lopes nasceu em 21 de Junho de 1977. É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2000), tendo sido bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian entre os anos de 1994 e 1999.
É professor do Ensino Básico e Secundário (leccionando a disciplina de Português), tendo leccionado no Ensino Superior a cadeira de Literatura Infanto-juvenil.
Integra a novíssima geração de escritores portugueses, sendo um orgulho do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, cuja direcção já integrou.
Participou em várias obras colectivas do NALF e da Labirinto, além das revistas Águas Furtadas (Jornal Universitário do Porto, 2003) e Saudade (Associação Amarante Cultural, 2006 e 2007).
Está representado na 3ª edição da antologia Anos 90 e Agora (Quasi Edições, 2004). Foi traduzido para servo-croata por Tânia Tarbuk e integrado na antologia Nova portugalska poezija (Hrvatsko Drustvo Pisaca, Zagrev, 2004). Recentemente, foi traduzido para castelhano por Jesús Losada, fazendo parte da colectânea 9 de 9. Poesía actual Portuguesa(Celya, Zamora, 2008).

sábado, 30 de abril de 2011

Dia da Mãe – um belíssimo poema de Valdemar Gonçalves

Bendigo a presença feminina
Que tive sempre ao longo do viver,
Que me atravessa, como luz divina,
Materna luz, eterno amanhecer.

Anda comigo, clara, cristalina,
Uma saudade que eu não sei dizer,
Vem do início da vida a abrir-me a sina
E não se apaga ao anoitecer.

Recordo ternamente a minha casa,
Refúgio amigo, cobertura de asa,
Onde avultava a mãe e as irmãs.

Mulheres e mães, escolas de alegria,
Eu vos saúdo neste vosso dia,
Sois a luz refulgente das manhãs.

Valdemar Gonçalves


Para este Dia da Mãe de 2011, em 1 de Maio, coincidente com o Dia do Trabalhador, escolhemos este extraordinário soneto do Cónego Valdemar Gonçalves, prestigiado sócio do Núcleo de Artes e Letras de Fafe e que diz, no seu modo singular de se exprimir, tudo o que nós gostaríamos de transmitir sobre as nossas mães, mas não somos capazes. O poema é retitrado do Povo de Fafe, de 29 de Abril.
Parabéns ao excelso poeta, orgulho do NALF!
Excelente Dia da Mãe para todas as nossas progenitoras!
Benditas mães deste país e do mundo, o nosso obrigado, em nome da continuação da espécie!
Um beijo do tamanho da humanidade para todas vocês!

domingo, 17 de abril de 2011

NALF atribui estatuto de Sócio Honorário ao Presidente da Direcção Artur Coimbra

A Assembleia-geral do Núcleo de Artes e Letras de Fafe reuniu na noite de sexta-feira, 15 de Abril, sob a presidência do Dr. Ribeiro Cardoso, para aprovar o plano de actividades para o ano de 2011 e o relatório de actividades e contas do ano passado, documentos que foram aprovados por unanimidade dos associados presentes.
Para o corrente ano, o NALF projecta publicar uma colectânea de textos e ilustrações evocativa do 20º aniversário da associação, promover um novo curso livre de história local, bem como uma oficina de escrita criativa, dirigida ao público em geral, no sentido de contribuir “para a formação e qualificação cultural da população fafense que queira aderir”.
A colaboração nas segundas jornadas literárias de Fafe, visitas de estudos e outras acções estão integradas no plano de actividades aprovado.
No final da agenda de trabalhos, o presidente da AG, Ribeiro Cardoso, propôs a atribuição ao Presidente da Direcção Artur Ferreira Coimbra do estatuto de Sócio Honorário, “como preito de gratidão pelo muito que de bom fez pelo Núcleo” ao longo dos vinte anos de existência da colectividade.
O documento considera que Artur Coimbra, sócio nº 1, “tem sido ao longo de mais de 20 anos o líder incontestado e a alma mater do Núcleo de Artes e Letras de Fafe”. Tem ainda em vista que “tem prestado e dignificado o Núcleo com a sua visão estratégica em relação à cultura, à literatura, às artes e letras, à história, ao jornalismo e ao associativismo”.
Finalmente, considera que “o perfil do Presidente da Direcção como insigne historiador, investigador, jornalista e homem de cultura orgulha o Núcleo de Artes e Letras de Fafe”.

Associada Catarina Noval expõe em Guimarães

A associada do Núcleo de Artes e Letras de Fafe Catarina Noval participa numa exposição de pintura que decorre no Posto de Turismo de Santiago, em Guimarães, entre 16 e 30 do corrente.
Ficamos felizes por isso e desejamos-lhe os maiores êxitos.

Correio de Fafe, 15 de Abril, p. 2

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ainda o Dia Mundial da Poesia. Texto de Tiago Patrício

Hoje celebra-se o dia mundial da Poesia e gostaria de fazer uma felicitação sincera por este evento magnífico, aqui na cidade de Fafe, com tanta gente e de tantas idades à volta da poesia, ainda por cima com vários jogos de futebol a decorrer algures lá fora, noutros mundos.
Gostaria de focar apenas dois pontos, um deles relacionado com o livro “Cartas de Praga”, premiado pelo Núcleo de Artes e Letras de Fafe e o outro sobre a dedicatória que queria fazer a um poeta amigo, que vive na Síria e estará neste momento a lutar pela liberdade no seu país e não apenas pela liberdade poética.
Esta noite, neste belíssimo Teatro-Cinema, ouviram-se poemas inéditos e consagrados, conjugaram-se alimentos com elementos, depois entrámos pelas ruas, moradas, códigos postais e luares nascentes, até chegarmos aos mais preciosos poemas de amor e de aspirações ao infinito.
É assim a poesia possível e sempre livre num país que nem sempre o foi. Por isso, quando se diz que os poetas fazem tudo aquilo que não é essencial ao mercado e que a importância da poesia aparece na proporção inversa aos graus de liberdade de uma comunidade, estamos a entrar num campo que muitos de nós não conhecem ou já se esqueceram.
Lembro-me muitas vezes do que este poeta Sírio me disse da primeira vez que nos encontrámos – Em tempos de guerra devemos escrever poemas sobre a paz, a libertação, o amor e a esperança e em tempos de paz, devemos relembrar os que ainda sofrem em silêncio, os conflitos latentes e o perigo do esmorecimento. Devemos ser exigentes com a poesia em tempos de paz, meu amigo!
Mas neste estado ambíguo, nestes tempos de traição? O que deveremos escrever?
Nunca lhe consegui perguntar mas acho que encontrei a resposta a partir das circunstâncias em que o livro “Cartas de Praga” surgiu.
Durante o período de residência em Praga, em 2007, frequentei o curso de Checo na Universidade Karlova e duas vezes por semana dirigia-me ao centro da cidade para as aulas. Quando regressei a Lisboa inscrevi-me no curso de Língua e Cultura Checa da Faculdade de Letras e continuo matriculado até hoje, apesar de não passar do nível de conversação básica, de supermercado ou de paragem do eléctrico.
Uma vez uma professora do Departamento de Filosofia perguntou-me o motivo deste investimento numa língua sem grande expressão no pensamento ou nas artes. Kafka escreveu as suas principais obras em Alemão e Kundera escreve em Francês desde que abandonou a Checoslováquia.
Lembro-me que na altura não lhe consegui responder, mas fiquei a pensar nas razões que me levam a insistir no contacto com esta língua Eslava e a regressar a Praga para uma nova residência, neste Verão de 2010, onde fiz a primeira apresentação do livro, “Cartas de Praga”.
Acho que agora talvez consiga perceber e relacionar isso com o meu interesse pelas viagens e pelos grandes acontecimentos que marcaram o homem. Eu gosto de aprender línguas, neste caso o Checo, não para perceber o que os Checos dizem ou pensam, mas para entender as paisagens, os amanheceres e os destinos dos comboios em que gosto de entrar clandestino. Porque nestes tempos de traição, as paisagens dizem muito mais do que os discursos.
Por isso escrevo sobre a geografia dos lugares, sobre as marcas de sangue das multidões em fúria, escrevo para atrair com belas palavras no princípio dos textos e para retirar o tapete no fim, para despir, para fazer uma ponte entre o vazio e o acaso trágico que nos arrasta para o erro e para o vício mortal de carregarmos com títulos ou sobrenomes. E para relembrar que a poesia é o perfeito exercício da inutilidade e contudo, como é bela e terrível essa tarefa e essa constelação de palavras exactas a brilhar, quando fechamos os olhos e no silêncio vemos e ansiamos pelo indescritível, o poema sempre inalcançável.

Tiago Patrício
(vencedor do Prémio de Poesia do Núcleo de Artes e Letras de Fafe)

terça-feira, 22 de março de 2011

NALF entregou Prémio de Poesia

No âmbito das II Jornadas Literárias, que concluiram esta segunda-feira, no Teatro-Cinema de Fafe,  o Núcleo de Artes e Letras, que colaborou na iniciativa, aproveitou para entregar o Prémio de Poesia, para obras publicadas nos anos de 2009 e 2010, ao jovem Tiago Patrício, que se deslocou de Lisboa para receber o seu justo galardão, pelo brilhante livro Cartas de Praga.

Os nossos parabéns e agradecimentos pela sua presença!

A Ilusão do Breve, de Almeida Mattos: Um livro de maturidade

No âmbito das II Jornadas Literárias de Fafe, que decorreram auspiciosamente entre 14 e 21 de Março em diversos palcos culturais e educativos do município, foi lançada a mais recente obra poética do fafense António de Almeida Mattos, associado do NALF, com o título A Ilusão do Breve. Mais uma soberba edição da editora fafense Labirinto.
O livro, que tem desenhos singulares do artista Júlio Resende e belo design da filha Mariana, surge exactamente duas décadas após Conjuntivo Presente (editora Afrontamento, 1991). Antes, Almeida Mattos havia editado Golpe de Sol na Lucidez Amarga (1985) e O Quinto Elemento (1987).
A Ilusão do Breve é, assim, o quarto livro poético de um autor marcado pela preguiça e pelo trabalho esparso. Um poeta bissexto, diríamos.
Na apresentação, que decorreu na Biblioteca Municipal de Fafe, a professora doutora Isabel Pires de Lima, amiga do autor e de Fafe, onde regressou com grande alegria, considerou a obra “um livro de maturidade”, no qual se adivinham alguns balanços e ajustes de contas com o tempo, a memória e a vida. O próprio título da obra confirma essa ideia geral.
O autor volta também, nela, aos lugares comuns da sua trajectória poética. Por exemplo, o encontro entre o eu e o tu, um dos mais belos textos para Isabel Pires de Lima:

Há uma urgência de tu que me procura
ao mais pequeno ensejo, inusitada.
E em todo o lugar é sempre altura
de acender a luz à madrugada. (p. 48)

Outro dos lugares comuns será a sensorialidade da poesia de Almeida Mattos; uma poesia dos sentidos:

Certos no fruir de pêlo a pêlo
toda a pele em febre, sequiosa
em suor de prazer, no que modelo
novelos de nervuras acirradas
ao limite da dor, até ruptura
que fosse do sentir multiplicada
por fome, sede, morte de ternura. (p. 28)

Outros dos aspectos a considerar é a atenção às sonoridades: a poesia do autor é música, integrando consonâncias, aliterações, rimas:

Ao lábio lento, leve, ágil, sábio
a melodia branda que enfeitiça
no trilar hábil. Incauta se abandona
já de si própria ferida.
E dentro oscila a procurar-se enferma
de seu enleio, a suspensão cativa
flébil modula a explosão serena,
débil usura, a seiva soma
o som, a vida. (p. 47).

Isabel Pires de Lima aludiu à atenção do poeta para o acto criativo e o poder criador da palavra:

Quero dizer-te ainda que a memória
constrói este desejo: a linha enovelada
de tanta sensação, no corpo inscrita
por sentidos argutos e por mitos,
que se convoca agora, aqui – diria: sempre
houvesse algum limite nas palavras.
Aqui, agora, disse, quando digo,
e já tempo e lugar serão diferentes. (p.16)

Estamos perante um ajuste de contas com a memória, num “escavacar constante do poema”.

Tudo quanto te digo é só memória
que recupero e projecto contra a lâmina
a cortar vida no momento exacto,
finíssimo, restrito do presente.
E tudo quanto digo era passado
sendo que foi o que seria sendo. (p. 13)

Neste poema está todo o livro. É uma espécie de metáfora de todo o seu conteúdo, fundindo os tempos, o passado e o presente.
Um livro que experiencia algum desencanto, a ilusão da breve eternidade do amor.
Uma obra breve (60 pp.), mas enorme no seu dizer poético, na aventura da palavra, no alongamento da memória, na exegese literária que a conforma, nos grandes temas com que se confronta, e todos nos confrontamos: a vida, a morte, o amor, o passado, o futuro. O sentido de tudo isso, ou o absurdo de que se tecem os dias.
Um livro que enriquece a literatura nacional e enobrece um dos maiores poetas fafenses da actualidade, sem qualquer dúvida.

Fotos: Manuel Meira Correia