sexta-feira, 4 de março de 2011

PRÉMIO DE POESIA DO NÚCLEO DE ARTES E LETRAS ATRIBUÍDO A OBRA DE JOVEM POETA

Reuniu hoje, 4 de Março de 2011, o Júri do Prémio de Poesia do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, instituído como forma de homenagear, promover e divulgar este género maior da literatura portuguesa e destinado a galardoar o melhor livro de poesia submetido a concurso e publicado entre 1 de Janeiro de 2009 e 31 de Dezembro de 2010.
O Júri integrou o Prof. João Amadeu Oliveira Carvalho da Silva (Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa), o Dr. João Ricardo Lopes (professor e escritor, em representação do NALF) e o Dr. César Freitas (professor da Escola Superior de Educação de Fafe - IESF).
Presidiu, em representação do Núcleo de Artes e Letras de Fafe e sem direito a voto, nos termos do regulamento, o Dr. Artur Coimbra, Presidente da Direcção.
Analisadas as sessenta e oito obras concorrentes, provenientes quer de Portugal, quer do Brasil, o Júri deliberou, por unanimidade, atribuir o Prémio à obra Cartas de Praga, de Tiago Patrício, considerando tratar-se de uma obra que, do ponto de vista orgânico, se impõe pela sua elevada coerência, bem como, ao nível do conteúdo, demonstra originalidade, grande fôlego poético, sentido de procura e inquietação metafísica, libertação do quotidiano, complexidade na abordagem temática, características enriquecidas por uma assinalável riqueza imagética.
Cartas de Praga é uma edição bilingue (português/inglês), tendo o texto sido seleccionado pelo concurso Jovens Criadores do IPJ e do Clube Português de Artes e Ideias e apresentado em Skopje, Macedónia, na Bienal de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo, em Setembro de 2009.
O poeta, Tiago Manuel Ribeiro Patrício, nasceu em 1979 no Funchal, passou a infância e adolescência em Trás-os-Montes, entrou para o curso de oficiais da Escola Naval em 1998 e licenciou-se na Faculdade de Farmácia em 2007.
Fez escrita criativa, colaborou em colectâneas de jovens escritores, venceu o prémio nacional de poesia Daniel Faria, com o Livro das Aves, publicado pela Quasi em 2009.
Autor de peças infantis de teatro, frequenta o mestrado em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Pode, assim, afirmar-se que a um poeta laureado e no final de carreira, como António Ramos Rosa, que venceu a primeira edição do prémio, sucede um jovem e promissor poeta, Tiago Patrício, que termina o seu breve livro com o poema

A abolição das fronteiras

As fronteiras eram belas
cheias de mulheres fardadas
de cores fortes e madeixas imperativas
que ansiavam ser atravessadas
Fronteiras solenes quando cobertas de frio
no aperto da multidão
como trincheiras forradas a papel em triplicado
e semeadas de vida em trânsito

Eram fábricas de nacionalidades
com carimbos espalhados pela periferia
em linhas acidentais entre as montanhas
Eram a máxima descentralização de um estado
a exterioridade até às costuras
para conter a implosão do território
Essas mulheres a desfiar um sorriso de vidro
e a ordenar um amor impuro aos expatriados

(Cartas de Praga, p. 63)

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