sábado, 9 de novembro de 2013

A Guerra Colonial nas páginas da imprensa local


No âmbito do II Curso Livre de História Local, promovido pelo Núcleo de Artes e Letras de Fafe e subordinado à temática “O concelho de Fafe e a Guerra Colonial (1961-1974)”, o jovem historiador Daniel Bastos apresentou a comunicação “A Guerra Colonial nas páginas da imprensa local”, perante algumas dezenas de ex-combatentes e interessados nesta temática.
Considerando os periódicos como fonte documental para o conhecimento da história contemporânea do concelho de Fafe, Daniel Bastos abordou as dimensões do conflito ultramarino explanadas pela imprensa local entre os anos de 1961 e 1974.


 
Tendo como fontes primárias de análise os jornais locais O Desforço, Notícias de Fafe e o Povo de Fafe, o investigador sistematizou e analisou diversos textos e imagens desses periódicos alusivos à Guerra Colonial, que “demonstraram desde logo que os artigos dos jornais locais não transmitiram a realidade do conflito” – segundo a opinião transmitida aos presentes por Daniel Bastos. 


 
De facto, durante muito tempo, a sociedade local, como a nível nacional, iludida pela censura à imprensa, viveu sob a ilusão de que em Angola, Moçambique e na Guiné “não houve uma guerra, mas apenas ataques terroristas e potências estrangeiras”- sublinhou.
 
As imagens insertas na imprensa local entre 1961 e 1974, relativas aos territórios ultramarinos, segundo o historiador, que é também vice-presidente do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, criaram uma realidade ilusória de quietação e convivência entre as forças militares e as populações africanas, imperando nos periódicos, sobretudo no Notícias de Fafe e no Povo de Fafe, um claro compromisso ideológico com as linhas políticas oficiais do regime do Estado Novo.
Ao longo da comunicação foi revelada inúmera informação inserta nos jornais locais, entre as décadas de 1960 e 1970, que, tendo sido analisada e organizada pelo investigador, permitiu desvendar relevantes informações. Nomeadamente, sobre as partidas e regressos de soldados fafenses do Ultramar; mensagens de Natal de soldados locais, pedidos de madrinhas de Guerra de soldados locais no Ultramar; louvores militares de soldados fafenses, os militares de Fafe mortos e feridos na Guerra Colonial, crónicas e poemas sobre o conflito armado e iniciativas locais no âmbito da Guerra do Ultramar.
O Curso Livre de História Local prossegue no próximo dia 14, com um módulo em que imperam os testemunhos de ex-combatentes nos diversos palcos da guerra colonial, moderado pelo historiador Artur Magalhães Leite, que participou na guerra, em Angola.
Oito dias depois, culmina com o módulo sobre “Memórias Literárias da Guerra Colonial”, conduzido por Artur Coimbra, presidente do Núcleo de Artes e Letras, seguindo-se a entrega de diplomas de participação.

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