sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A participação dos militares fafenses na Guerra Colonial






O II Curso de História Local de Fafe, sobre o tema da Guerra Colonial, prosseguiu esta quinta-feira, na Biblioteca Municipal, numa promoção do Núcleo de Artes e Letras de Fafe.
Foi orador Jaime Silva, ex-combatente pára-quedista em Angola, ex-docente do ensino secundário e superior e ex-vereador da cultura e desporto do Município.
Com toda a experiência de quem passou dois anos e meio no Ultramar, Jaime Silva começou por fazer o enquadramento da guerra colonial, aludindo ao seu contexto e ao seu desenvolvimento, sobretudo em guerra de guerrilha.
Reiterou um assunto que começa a ser evidente: o problema da guerra não eram os recursos humanos, mas eram logísticos e de fornecimento aos militares no terreno. E também a fraca preparação dos soldados para enfrentar o “inimigo”.
A propaganda oficial empenhava-se em empreender uma “lavagem ao cérebro”, quer dos que iam, quer dos que ficavam, mas a realidade é que os militares não tinham, pelo menos nos primeiros anos da guerra, fardamentos apropriados, treino eficaz e usavam armamento ultrapassado, face aos movimentos de libertação, já mais avançados.
Ficava claro que a finalidade da instrução dos militares era a preparação para o combate, “saber e ser capaz de matar”.
É neste contexto que deverão ter saído de Fafe cerca de 1500 jovens, “mancebos”, como se apelidavam na altura, entre 1961 e 1974. Teria entre 19 e 21 anos, a sua maioria.
Pelos números que Jaime Silva apresentou, morreram 42 fafenses na Guerra Colonial: 17 em Angola, 11 na Guiné e 14 em Moçambique. Mas a investigação continua.
O primeiro fafense a morrer no Ultramar foi Artur de Sousa, de Freitas, falecido em Angola, em 3 de Junho de 1961, pouco depois de a guerra começar.
O último a morrer foi José Pereira Dias, de Armil, em acidente de viação, já falecido após o 25 de Abril, exactamente em 27 de Setembro de 1975.
Há ainda um fafense desaparecido em combate, em Moçambique, em 1972, que nunca mais foi encontrado.
Jaime Silva fundamentou com grande rigor as suas palavras, entre o sentimento e a emoção, o que é óbvio para quem viveu e sofreu as agruras da guerra, matou e viu morrer.
Juntou ainda alguns depoimentos à sua explanação, que acabou por não cumprir na íntegra, já que muito mais haveria (e haverá) a dizer, porquanto falta ainda falar da implantação da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra em Fafe, a promoção do Monumento ao Combatente da Guerra Colonial, na Avenida do Brasil e outros aspectos que ainda serão abordados para os cerca de cinquenta inscritos nesta iniciativa, na sua maioria ex-combatentes da guerra colonial, nas suas três frentes de batalha, Guiné, Angola e Moçambique.
Na próxima quinta-feira será a vez do jovem historiador Daniel Bastos abordar os reflexos da guerra na imprensa local.
As sessões decorrem às quintas-feiras, na Biblioteca Municipal, até 21 de Novembro, entre as 18h30 e as 20h00.

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