domingo, 17 de novembro de 2013





O II Curso Livre de História Local, sobre a Guerra Colonial, que o Núcleo de Artes e Letras de Fafe está a organizar desde há um mês, chega ao fim na próxima quinta-feira, 21 de Novembro, dia em que Artur Coimbra aborda o tema “Memórias Literárias da Guerra Colonial”.

A sessão decorre na Biblioteca Municipal, entre as 18h30e as 20h00 e culmina com a entrega dos diplomas de participação.

Na penúltima sessão, o historiador Artur Magalhães Leite abordou as causas da guerra (principalmente em Angola) e da vida no quartel.

Sobre as causas próximas do conflito sangrento que marcou uma geração de jovens portugueses entre 1961 e 1975, com a guerra, a morte e o sofrimento, referiu a infiltração de elementos subversivos com influência nos nativos, a exploração do trabalho com fracos recursos, a reduzida valorização na compra do algodão e outros produtos, a repressão policial, a continuação dos maus tratos infligidos pelos colonos aos naturais e o surgimento do MPLA, em 1960.

Abordou a mortandade na baixa do Cassange produzida pela força aérea portuguesa, com o uso de bombas incendiárias de napalm e outros desfolhantes químicos, na sequência da revolta dos guerrilheiros da UPA., em 11 de Janeiro de 1961 e que provocou praticamente o início da guerra colonial. “A carnificina não teve paralelo na história da guerra colonial, estimando-se em sete a dez mil mortos” e a destruição de 17 aldeias, sublinhou Artur Leite.

O início oficial da guerra em Angola relaciona-se com o ataque de guerrilheiros da UPA (União das Populações de Angola), chefiada por Holden Roberto, à Casa de Reclusão Militar, na madrugada de 3 para 4 de Fevereiro de 1961, com a intenção de libertarem uns presos que iam ser transferidos para o Tarrafal. Mataram quatro guardas e ficaram com as armas destes. Seguem-se mais ataques nos dias seguintes com mortes e feridos e com os brancos e milícias civis a invadirem os musseques e a chacinar a eito.

A 15 de Março de 1961, dá-se o massacre dos fazendeiros, colonos e bailundos: a guerra está oficialmente aberta entre os portugueses e os nacionalistas angolanos.

Seguem-se episódios sangrentos como a conquista de Nambuangongo, em Agosto, na chamada “Operação Viriato”.

Artur Leite abordou ainda o múltiplo nacionalismo dos brancos de Angola, os interesses sociais e políticos dos dirigentes da guerrilha e acção psicológica do exército português, designadamente ao nível da escola, da enfermaria, da comida e outras, de forma a evitar a divisão entre brancos e negros, impor a disciplina nas população e a formar milícias e voluntários.

Dezenas de diapositivos e fotografias enriqueceram uma apresentação que foi esclarecedora e trouxe imensa informação aos participantes no curso.

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